Ano após ano, a história se
repete. É assim, o culto a São Francisco das Chagas na região de Canindé, que este
ano, comemora 258 anos de devoção ao santo. A romaria, principal manifestação
dessa crença popular, chega hoje ao seu final depois de 10 dias de missas,
novenas, procissões, confissões, batizados e louvores ao padroeiro.
Canindé cidade encravada no Sertão do Ceará, conhecida internacionalmente por
abrigar o maior santuário franciscano das Américas demonstrou mais uma vez
sua devoção por São Francisco das Chagas, padroeiro da cidade. Nos últimos 10
dias, inúmeras demonstrações de fé foram registradas por parte dos fiéis e
devotos que se deslocaram até o Município. Os festejos alusivos ao santo foram
repletos de missas, cumprimento de promessas, orações, novenas e outras
manifestações religiosas.
Na manhã deste domingo às 10hs,
houve a Missa oficial de encerramento, celebrada pelo arcebispo de Fortaleza, Dom
José Antonio Aparecido Tosi. ‘’Era um jovem que tinha ilusões com a grandeza.
Se decepcionou. “Encontrou o amor de Deus e descobriu o verdadeiro sentido da
vida, a humildade, a simplicidade e o apreço por todas as coisas criadas por
Deus”. Com essas palavras, o dom iniciou sua pregação. Pelo menos e 12 mil
fiéis compareceram ao evento, iniciado às 10 horas, na Quadra da Gruta.
Participaram da celebração o
Ministro Provincial Frei João Amilton dos Santos, o pároco e reitor Frei
Marconi Lins, o Guardião da Casa de São Francisco Frei Sérgio Moura e os demais
padres que participam da romaria. Frei Jonaldo Adelino que animou as nove noites
de novenas também participou da santa missa.
Na tarde de hoje – 17 horas, a
procissão leva a imagem de "São Francisquinho" pelas ruas do Centro. A
imagem foi trazida para Canindé em 1775 e só deixa a Basílica uma vez por ano,
no aniversário de São Francisco.
Desde a última quinta-feira, a fé
dos romeiros podia ser comprovada por quem passava pela BR-020 a partir de
Caucaia. No acostamento da concorrida estrada, caminharam milhares de devotos
pagando promessa. Eles seguiam em grupos ou individualmente. "Nossa fé não
tem preço. São Francisco merece nossa devoção", afirmou a dona de casa
Graça Salgado, que acompanhava um grupo que saiu a pé de Fortaleza.
Durante os 10 dias de celebração,
a partir das cinco horas da manhã, os fiéis se deslocavam até a Igreja de
Cristo Rei, que, em 1952, teve construída em seu caminho a Via Sacra com suas
14 estações. Remodelada, a capela passou a ser a 15ª estação da Via Sacra: a
Ressurreição de Jesus. Num trecho de subida de aproximadamente 500 metros, os
fiéis visitam as estações para agradecer às promessas alcançadas. Muitos fazem
o trajeto de ida e volta com pedras na cabeça como prova de devoção.
"Venho todos os anos a Canindé desde 1977. Enquanto tiver saúde, estarei
aqui nessa época do ano", garante o aposentado Eugênio Costa dos Santos,
de Fortaleza.
Há quem esqueça o simbolismo do
sacrifício e exagere, carregando pedras maiores do que se poderia imaginar.
"Cada um sabe o tamanho da sua fé e da sua responsabilidade", diz a
dona Ana Lúcia de Castro, que veio da cidade de Codó no Maranhão de ônibus no
último dia 15 de outubro, com mais 50 pessoas. "Uso a bata de São
Francisco desde o dia que saio de casa até regressar. Para mim, desde que tenha
saúde, é obrigação vir agradecer a São Francisco pela minha saúde".
Bem mais jovem, o estudante de veterinário
João Batista Farias repete o mesmo trajeto. "O tamanho da pedra pouco
importa. O significado maior está em seguir o homem que levou sua vida ajudando
aos pobres e esquecidos. Que bom seria que todos praticassem o mesmo que ele
fez na vida terrestre’’.
Promessa interessante é da
estudante Emanuela Diniz da cidade dos Funcionários em Fortaleza. Ela trouxe
seu cachorro de nome felicity vestido de marrom em forma de agradecimento a São
Francisco.
Fotos e texto de Antônio Carlos
Alves
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