Oh!
O nome da delação é “premiada”
Agora,
as críticas se generalizaram em razão dos benefícios que teriam
sido concedidos aos proprietários do grupo empresarial JBS ou outras
siglas no acordo de delação premiada.
São
reclamações que vêm de todos os setores da sociedade; de alguns
com maior ênfase, de outros, mais moderadas, todos numa onda gigante
contra o Ministério Público Federal.
Não
há argumentos nem análises sobre o fato de ser a delação uma
negociação mesmo. Se não fossem pelos benefícios, não haveria
delação. Deveria sobrepesar os benefícios trazidos à sociedade
decorrentes das delações.
Também, se de outra maneira eles
surgiriam. Se de outra maneira figurões pegos em gravações seriam
alcançados a tempo de sofrerem punições.
Antes
das delações, até se poderia chegar ao andar de cima, mas apenas
para dar uma aparência de funcionalidade aos órgãos
jurisdicionais. Mas, os eventuais atos delitivos já estariam
prescritos. Essa tal de prescrição sempre foi uma máquina da
impunidade. Uma figura jurídica que 99% dos brasileiros não têm a
vaga noção de como e por que ocorre. Era – e ainda é –
utilizada por muitos, com bastante rococó dos aplicadores do
direito, exatamente por ser desconhecida da sociedade.
Com
as delações, começaram as prisões pelos intermediários. A
inauguração veio com alguns diretores da Petrobras. Foram sumindo
de hierarquia até chegar a ex-governadores de Estado. O brasileiro
até já se acostumou e já aspira uma subida de patamar de ex. As
delações estão chegando lá e isso deixa em polvorosa os
envolvidos e até algumas figuras carimbadas do Poder Judiciário.
Por
mais íntimos que sejam, colocar um aparelho e adentrar ao mais alto
gabinete do Poder no país é um risco demasiadamente alto. Só mesmo
um “falastrão” bem seguro de que transpassaria aquela fortaleza
com qualquer nome que desse. Entrou “Rodrigo”, mas teria passe
livre com qualquer nome. É o deboche institucionalizado no mais alto
nível da República! E isso escancarado vale qualquer benefício.
As
vozes estão lá. Pelos menos ultrapassamos a fase das negativas de
vozes, ora porque estavam grogues por efeito de remédios, ou
embriagadas por altas doses de álcool. Ainda aparecem algumas
similares, como a venda de apartamento familiar, de vacas gordas ou
com pedidos de empréstimos milionários. Daí em diante cada um
desempenhe as suas atribuições.
Essa
reação forte de alguns setores representativos da sociedade deixa
cristalino que o próprio brasileiro se acostumou com a impunidade
dos poderosos. Reclamam e são bravos apenas em redes sociais. Mas,
reclamações do povão até é compreensível; de jornalistas e de
artistas famosos só depois de uma consulta à Lei Rouanet; de outros
agentes públicos, a Laja-Jato e outras delações se encarregarão;
de advogados de defesa, a conta bancária falará por si; de membros
do Poder Judiciário e de outros ramos do Poder Público é por pura
inveja ou o futuro dirá.
P.S.:
Como essa gente é ingênua de almoçar, viajar, dormir, pedir
empréstimos de milhões; subir e descer com malas de dinheiro
por décadas; e até receber gente desconhecida nas madrugadas.
Como diz o comentarista esportivo Milton Leite: “Meu Deus!”
Pedro
Cardoso da Costa – Interlagos/SP
Bacharel
em Direito