Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
Os
filhos separados de pessoas com hanseníase colocadas em isolamento domiciliar
ou internadas em hospitais-colônia compulsoriamente até 1986 poderão contar com
uma pensão vitalícia. Projeto com essa finalidade foi aprovado pelo Senado
nesta quarta-feira (1º) com parecer favorável do relator, senador Omar Aziz
(PSD-AM). Agora o texto segue para sanção.
O
PL
3.023/2022 altera a Lei
11.520, de 2007, que concedeu pensão vitalícia às pessoas com hanseníase
isoladas ou internadas compulsoriamente até 31 de dezembro de 1986. A lei
atual, no entanto, estabelece que o benefício não pode ser transferido aos
filhos após a morte do paciente. Já o texto aprovado garante que a pensão seja
repassada aos filhos, em valor não inferior a um salário mínimo (R$ 1.320) e
sem efeito retroativo. O projeto, do deputado Diego Andrade (PSD-MG),
também altera para esse mesmo valor a pensão das pessoas que foram internadas.
Hoje, elas recebem R$ 750.
Outra
alteração proposta é a menção explícita às pessoas internadas compulsoriamente
em seringais, e seus filhos, que também passarão a ter o mesmo direito, caso o
projeto venha a ser transformado em lei.
No
seu voto, Omar lembra que durante boa parte do século 20, foi executada uma
política de segregação que determinava a internação compulsória de pessoas com
hanseníase, causando a separação de famílias e levando os filhos, mesmo
crianças pequenas, a viverem longe dos pais, às vezes até em instituições
específicas para eles. Essa situação resultou em graves sequelas psicológicas.
Embora tenha sido abolida em 1962, a prática persistiu até 1986, quando foi
definitivamente encerrada. Para o relator, a proposta corrige um “erro
histórico” ao citar a política higienista, à época, como discriminatória.
—
Trata-se de um resgate que está sendo feito daqueles parentes que foram
obrigados a se afastar dos seus filhos durante um longo tempo por causa da
hanseníase — afirmou, Omar.
A
senadora Damares Alves (Republicanos-DF) também elogiou a iniciativa.
—
Esse projeto vem no sentido de reparação, aumentando o valor dessa pensão. Eu
acho que a gente faz hoje justiça, uma reparação histórica a essas pessoas que
foram, de forma indevida, tiradas da sociedade. Nós temos hoje os filhos, os netos
e os bisnetos que precisam realmente que a gente faça justiça nesta manhã.
Por
Agência Senado