O Plenário
do Senado aprovou nesta quinta-feira (26) a MP 1.091/2021, que fixou o valor do salário mínimo em R$
1.212 desde 1º de janeiro de 2022. Com a aprovação, a MP segue para promulgação
do presidente Jair Bolsonaro.
O
crescimento da fome e da miséria no Brasil nos últimos anos foi bastante
discutida pelos senadores durante a votação da medida provisória. O presidente
do Senado, Rodrigo Pacheco, elogiou a relatora, Soraya Thronicke (União-MS),
por manifestar que o valor pequeno do mínimo é um problema grave da sociedade
brasileira, mas é menos debatido do que "querelas ideológicas em redes
sociais".
— O Brasil
vive uma dicotomia entre problemas reais e problemas criados com objetivos
eleitorais e oportunistas. Os problemas reais são os dois dígitos: dois dígitos
na inflação, nos juros, no desemprego e na gasolina, que se aproxima de R$ 10
já em algumas cidades. Esses são os problemas reais, que precisam de soluções
verdadeiras. E há os problemas criados como cortina de fumaça pra esconder os
problemas reais — alertou Pacheco.
O senador Jorge
Kajuru (Podemos-GO) apresentou uma emenda para que o mínimo passasse a ser de
R$ 1.300 a partir de julho. Soraya Thronicke chegou a negociar esse aumento com
o Ministério da Economia. Mas a pasta vetou, alegando não haver fundos, pois o
reajuste impactaria os cofres públicos em mais de R$ 16 bilhões até dezembro,
segundo o governo.
— A
manchete do jornal O Globo
de hoje é a seguinte: a fome no Brasil bateu o recorde mundial de 36% [das
famílias brasileiras]. Nada é mais humilhante! E sabem quem passa mais fome no
Brasil? As mulheres — lamentou Kajuru.
Já Cid
Gomes (PDT-CE) reclamou que o governo não teria R$ 16 bilhões pra aumentar o
salário mínimo, "mas tem R$ 30 bilhões pra comprar votos de deputados pelo
orçamento secreto". Para Cid Gomes, falta ao governo a lógica de que o
aumento do mínimo reaquece a economia.
Citando
dados do IBGE, Soraya ressaltou que mais de 60 milhões de brasileiros recebem
até dois salários mínimos, cerca de 70% da população ocupada. Já dados do INSS
explicitam que 25 milhões recebem aposentadorias no valor de um mínimo,
"ou seja, dois terços dos beneficiários da Previdência". Por isso, o
Brasil precisa recriar uma política de valorização do salário mínimo, defendeu
a senadora.
Agência Senado
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