Foto: Júnior Pio |
O terceiro dia
do projeto Assembleia Itinerante, que acontece nesta semana no município
de Canindé, abriu com oficina do Cada Vida Importa - Comitê Cearense pela
Prevenção de Homicídios na Adolescência. Na manhã desta quarta-feira (05/06), a
equipe do comitê, presidido pelo deputado Renato Roseno (Psol) e coordenado
pelo sociólogo Thiago Holanda, apresentou dados para os profissionais da
assistência social de Canindé e municípios vizinhos que evidenciam a
interiorização da violência contra adolescentes no Ceará.
Canindé é um dos municípios em que se
observou um aumento de até 50% de homicídios, quando são comparados os índices
dos primeiros meses de 2024 com o mesmo período do ano anterior. Para Thiago
Holanda, “esse é um dado muito preocupante, considerando que é possível
prevenir homicídios articulando a rede local, chamando a atenção dos gestores
municipais”.
Os dados apresentados ao público
presente durante a explanação apontam que, no Ceará, entre 1° de janeiro e 31
de dezembro de 2023, foram registradas 2.970 vítimas de crimes violentos letais
intencionais (CVLIs), sendo 358 adolescentes (10 a 19 anos). Notavelmente, o
número de vítimas registradas em 2023 foi o mesmo que o de 2022: 2.970.
Entretanto, a não alteração do número total não significa que a dinâmica da
violência no Estado permaneceu a mesma.
Do total de municípios do Estado,
também foi observado que, em relação à população de adolescentes (entre 10 e 19
anos), 42 cidades (22,82%) registraram CVLI, enquanto 18 (9,78%) mantiveram o
número de casos. Por outro lado, 56 (30,43%) apresentaram redução, e 68
(36,95%) não registraram casos de homicídio tanto em 2022 quanto em 2023.
Conforme dados da nota técnica lançada pelo comitê em janeiro de 2024, é
possível identificar um aumento nos casos de homicídios em regiões específicas
do Estado, como a Região Metropolitana de Fortaleza, o Sertão de Canindé, o
Sertão Central e Litoral Oeste.
Thiago Holanda chama a atenção para a
falta de políticas públicas integradas que previnam a violência de fato e
destacou algumas ações que o comitê vem realizando nesse sentido. “Temos feito
um trabalho direcionado nas escolas, criando uma ‘pedagogia da prevenção’,
levando aos estudantes a discussão sobre violência ao conversar sobre racismo,
homofobia, machismo e outras violências que acontecem no cotidiano dos jovens e
que eles nem percebem que seja violência, e, dessa forma, fomentar espaços de
prevenção nas escolas”, explicou.
Também foram mencionados o seminário “Cuidando em Rede: Fluxo de atenção para vítimas
de violência armada”, promovido
pelo comitê e que acontece na Alece na próxima sexta-feira (07/06), e os
serviços de atendimento às vítimas de violência de que a Casa dispõe, tais como
a Comissão de Direitos Humanos e Cidadania e o Escritório de Direitos Humanos e
Assessoria Jurídica Frei Tito, além de espaços cedidos ao Ministério Público e
Defensoria Pública. “É uma forma de aproveitar essa rede de assistência para
fortalecer o curso, a comunicação, e evitar a revitimização”, disse.
Por Ascom/Alece
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