sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Historiador Canindeense Augusto César Magalhães Defende Valores Culturais / Antropológicos da Romaria de São Francisco das Chagas de Canindé


****** AS FORÇAS DO ATRASO ****
Esta miséria que estamos vivendo, fruto de uma articulação de forças ocultas, em perseguição a chegada dos romeiros a Meca franciscana pode até de imediato trazer algum prejuízo, mas o tempo vai mostrar que nada faz desanuviar a fé do romeiro.
Desde que este solo revelou-se sagrado pelos milagres aqui ocorridos, iniciou-se a romaria. Em tempos pretéritos a indigência, a total falta de assistência social e de saúde, trazia os desvalidos que não tendo a quem recorrer valia-se da fé, como último refúgio, no santo da pobreza.


Dos primórdios de Canindé até anos 40 e 50, caravanas de romeiros vinham do Piaui e Maranhão montando em animais. Portanto, a romaria não foi criada pela vinda de carros, estes é que vieram facilitar o transporte do fiéis. O que hoje pode ser facilitado é impedido de maneira vil, em visível atentado a festa do santo padroeiro.

Até 1909, nunca havia chegado nenhum carro aqui. O Primeiro foi um automóvel Calhambeque Rambley comprado por três amigos de Fortaleza, entre os quais o médico Meton de Alencar. Este carro foi embarcado em trem vindo de Fortaleza e desembarcou em Itatuna (hoje Itapiuna) e venceu a distância de pouco mais de 40 Km até Canindé em três dias. Foi a grande atração da Festa daquele ano e benzido na ocasião por Frei Matias de Ponterânica.


Hoje, por mais que ninguém nunca esteja satisfeito com os governantes, é de se reconhecer que há toda uma rede de proteção social, principalmente para as camadas mais pobres e para os que, por doença, estão impedidos de trabalhar. Os hospitais públicos, também por mais que se critique tem salvo muita gente. Se antes a romaria se dava, com foi dito, pela total desassistência, hoje ele é crescente e a fé do povo não arrefece mesmo tendo uma vida muito mais confortável e digna do que o romeiro de antigamente.
Mas tudo passa, estamos sendo vítima de uma ignorância audaciosa, da burrice, despeitas atávicas, vingança, vaidade ou gostinho do poder diante de quem não tem força para resistir.


Encerro com um trecho de "Os Lusíadas" de Luiz Vaz de Camões, que representa bem o momento em que a tirania vence temporariamente o bom senso e o sentimento de humanidade.
- "Ó glória de mandar! Ó vã cobiça
Desta vaidade, a quem chamamos Fama!
Ó fraudulento gosto, que se atiça
C'uma aura popular, que honra se chama!
Que castigo tamanho e que justiça
Fazes no peito vão que muito te ama!
Que mortes, que perigos, que tormentas,
Que crueldades neles experimentas!
Canto IV - oitava 95

Texto: Augusto César Magalhães









2 comentários:

  1. Parabéns por este trabalho, nossa romaria tem História!!!

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  2. PARABÉNS AUGUSTO, Lamento profundamente a falta de conhecimento da justiça agindo com ignorância sem respeitar a cultura e a tradição do povo. VAMOS JUSTIÇA VOLTAR A SALA DE AULA E ESTUDAR ANTROPOLOGIA PARA ENTENDER AS EVIDÊNCIAS CULTURAIS. Justiceiros e muito fácil agir contra os humildes romeiros de SÃO FRANCISCO que mesmo em cima de um pau de arara e a única viagem que muitos realizam no ano. E representa uns dos melhores dias da vida. E lamentável justiça. TENHAM A HUMILDADE DE DIZER QUE ERROU COMPLETAMENTE E A VERGONHA DA AÇÃO .


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