O presidente de Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, disse nesta quinta-feira (30) que faltam “muitos votos” para que seja possível aprovar a reforma da Previdência. “A gente está tentando construir o texto em cima dos 308 votos [apoio necessário para aprovação]. Mas a gente sabe que estamos muito longe disso ainda, muito longe mesmo”, disse após palestrar em um evento promovido pelo banco J.P. Morgan.
Na avaliação de Maia, nos últimos meses o governo perdeu força no Congresso, especialmente devido às denúncias da Procuradoria-Geral da República contra o presidente Michel Temer. “A gente sabe das dificuldades. A base do governo passou por duas votações de denúncia, com desgaste muito grande. Tem aqueles que, mesmo compreendendo a importância da votação, não confirmaram que podem votar com a matéria”, destacou. Para ele, falta apoio de partidos que integram o governo, como PSD e PR.
Em outubro, a Câmara rejeitou o prosseguimento da segunda denúnciaapresentada pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal contra Temer, por obstrução de Justiça e organização criminosa. Em junho, Janot já havia denunciado o presidente pelo crime de corrupção passiva. A denúncia foi rejeitada em agosto.
Articulação
Para tentar conseguir os votos para aprovar a reforma, Maia disse que vai se empenhar, junto com o governo, nas articulações com os deputados. “Domingo o governo vai fazer uma reunião. Eu vou participar com os líderes, com os ministros e vamos tentar construir um caminho. A nossa responsabilidade no Brasil é muito grande. A reforma da Previdência, diferentemente do que a oposição vende, não tira nenhum direito do trabalhador pobre”, disse.
O presidente da Câmara atribuiu parte das dificuldades enfrentadas atualmente a erros de comunicação cometidos no lançamento da proposta. “Essa comunicação foi malfeita no início e de alguma forma contaminou a votação neste momento”, enfatizou.
Apesar do cenário desfavorável, Maia acredita que seja possível convencer os deputados a mudar de posição em pouco tempo. “O Brasil é um país em que as coisas mudam muito rápido: em um dia você tem uma visão de um tema, no outro dia muda tudo. Eu tenho uma esperança muito grande que a gente consiga reverter essa impressão das pessoas de que a Previdência vai tirar votos, vai prejudicar as pessoas que ganham menos”.
Oposição
Partidos de oposição, entre eles PT, PDT e PSB, anunciaram que estão em “estado geral de mobilização” e realizarão uma série de iniciativas em todo país contra a reforma da Previdência. Segundo o líder da minoria, deputado José Guimarães (PT-CE), a oposição não negociará nenhum ponto da reforma e também atuará para impedir que o governo aprove medidas provisórias enviadas ao Congresso Nacional.
“Essa PEC, mesmo com as migalhas que foram retiradas, na essência ela mantém a centralidade principal que é a retirada de direitos. Mesmo para aposentadoria rural não alterou praticamente nada. Esse estado de mobilização é fundamental até o dia que o governo anunciar que vai votar a reforma da Previdência”, disse. “Não há diálogo nenhum sobre a reforma da Previdência. Nós não negociaremos”, concluiu Guimarães.
Agência Brasil
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