O lugar tem o nome de Morro Branco, mas a água que chega vem da terra. Na zona rural de Itatira, agreste do Ceará, a 210 quilômetros de Fortaleza, foi implantado o programa Água Doce, onde um sistema de dessalinização é alimentado por um poço artesiano e resolve o problema de abastecimento humano sem burocracias.
Cada litro de água processada rende meio litro de água potável. A agricultora Maria Lúcia Sousa Barbosa, é quem comanda o sistema e conta que é o suficiente para abastecer a comunidade de Linda 02 e mais oito locais da região todos os dias.
Agora a água vem com qualidade e o que mais importante a todo momento, e perto de casa, situação bem diferente da enfrentada durante décadas nos períodos de seca. Para isso, basta adquirir uma ficha (antiga de sinuca), por R$ 0,50, para ter direito a 20 litros do produto, na hora que precisar.
Da água que sobra do processo de dessalinização, nenhuma gota se perde. Ela vai para tanques, onde os agricultores aproveitam para outros afazeres, como saciar a sede dos animais.
No Semiárido brasileiro, local de água escassa e salobra, com solo formado por rochas de cristalino, cuja rigidez muitas vezes impede a perfuração de poços para retirada do mineral e favorece a desertificação do solo, a nova fórmula agradou.
Devido à escassez que se faz sentir de água potável tentou-se transformar a água salgada em água para consumo humano, removendo-lhe os sais que estão em excesso relativamente à água potável e adicionando-lhe os que estão em falta – a este processo chama-se dessalinização da água salgada.
Há duas maneiras de praticar a dessalinização: através da destilação ou através da osmose inversa.
Na destilação a água é submetida a elevadas temperaturas de modo a evaporar-se e seguidamente encaminhada por um sistema especial de tubos e condensada novamente – com este processo os sais são separados da água.
A osmose dá-se fazendo a água circular através de umas membranas semipermeáveis que retêm os sais espontaneamente e deixam passar a água, a osmose consiste em adicionar sais à água. Na osmose inversa, através de pressão (a reacção já não se dá espontaneamente), faz-se passar a água com sais diluídos pelas membranas para reter os sais de um lado e a água de outro.
Depois de estes processos terem sido concluídos, a água deve ser tratada compensando sais ou nutrientes que estejam em falta, de modo a esta ter os valores mínimos recomendados ao consumo.
Dado a escassez de água doce e o aumento do seu consumo de dia para dia, começa-se a pensar que os oceanos serão a maior fonte de água doce para matar a sede do sertanejo.
Jucineudo de Oliveira Sousa é um desses agricultores que mudou de vida e acabou com o sofrimento de procurar água para beber. Ele mostra com orgulho o precioso líquido que consome depois da implantação do aparelho, que produz dois mil litros de água por dia, o que vale 60 mil litros por mês.
Atualmente duas mil famílias recebem o benefício de 10 dessalinzadores funcionando e aguardam a chegada de mais nove.
Léo Miguel que acompanha o processo na cidade de Itatira, disse que a maioria dos poços perfurados tem água salgada, daí a necessidade da implantação do aparelho.
Ele cita como exemplo: “Se perfurarmos 50 poços, 49 apresentarão água salgada”. “O projeto visa diminuir a desigualdade social, as doenças diarreicas, além da harmonia do homem com a natureza”, explica o responsável pela manutenção dos aparelhos.
Essa iniciativa, faz parte do Programa Água para Todos do Plano Brasil Sem Miséria, que assumiu a meta de aplicar a metodologia do programa na recuperação, implantação e gestão de 1.200 sistemas de dessalinização e beneficiar, com isso, 500 mil pessoas, com investimentos de R$ 168 milhões no Nordeste castigado pela falta de chuvas.
Com informações de fotos de Antônio Carlos Alves
V M Produções
Fones: (085) 9-9857-1460 e 9-8423-3414
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