quinta-feira, 13 de outubro de 2016
ROMARIA DE CANINDÉ RETRATA FÉ DO ROMEIRO NA VIA SACRA
Como exemplifica frei Marcos Carvalho da Ordem dos Frades Menores. Ainda é madrugada quando, aos poucos, vão chegando os romeiros à Avenida Chico Campos, ao lado da Igreja de Nossa Senhora das Dores, para iniciar o primeiro ato de fé do dia. Assim começa a Via-Sacra, exercício da piedade popular que ganha significado todo especial em Canindé.
Ao som das músicas que retratam a história de São Francisco, os romeiros caminham sob olhar profundo de cada estação.
Percorrer os últimos momentos da vida de Jesus é quase que obrigatório para todo aquele que vem em romaria a Canindé. Às 5h da manhã todos já estão apostos e, com ajuda dos frades, inicia-se a caminhada que percorre a avenida até a Igreja de Cristo Rei, também conhecida como Igreja do Monte.
As paradas das 14 estações são marcadas por monumentos colocados ao longo da via que retratam os sofrimentos de Cristo desde sua condenação até sua morte, sepultamento e Ressurreição.
Não é raro ver entre os que percorrem este caminho a celebração de um rito particular que nasceu do próprio povo: muitos romeiros e romeiras levando consigo, à cabeça, uma pedra. A cada parada trocam de pedra, deixando à que traziam na imagem do monumento referente àquela estação e tomando outra, num gesto de partilha e solidariedade com os sofrimentos dos demais irmãos.
De fato, em Canindé, se percebe aquilo que o tema da festa deste ano bem retrata: São Francisco é alívio na dor e no sofrimento. Uma das senhoras que carregava a pedra sobre a cabeça agradecia por ter sido curada de sua dor de cabeça; outra pedia a cura de sua mãe que se encontrava gravemente enferma; já dona de casa Maria das Graças dos Santos da cidade de Timom no Maranhão, não largou a pedra que pegou na primeira estação. Ela via o momento como a oportunidade de associar seus sofrimentos aos sofrimentos de Cristo, como fez São Francisco. Ela rezava para suportar o peso de seus desafios familiares e a pedra representava este peso, o peso da cruz de Cristo.
Ao final da caminhada, chega-se à Igreja do Monte, dedicada a Cristo Rei. O dia já está claro, a luz venceu a escuridão das trevas. É momento de rezar a última estação, que canta a vitória de Cristo sobre os sofrimentos e a morte. O sentimento que invade o coração dos romeiros é também de vitória, de associar suas pequenas conquistas, à Ressurreição de Jesus, ao triunfo da vida.
No monte se agradecer ao Senhor que é alívio e conforto na dor. Rende-se Ação de Graças, celebrando na Eucaristia as pequenas lutas e vitórias do povo, os “milagres” de Deus na vida de um. Ali também cada romeiro refaz o seu compromisso de fé e esperança diante do sofrimento, diante da cruz que, como discípulos de Jesus, somos chamados a tomar a cada dia e carregá-la (Lucas 9, 23), mas que, com a força deste mesmo Mestre, torna-se “julgo suave e peso leve” (Mt 11, 30).
Com Informações do Santuário de São Francisco das Chagas
Fotos de Antônio Carlos Alves
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